Histórias da Rede

REDE BEREL NO AR
Por Neto

Se vocês acharam engraçadas as histórias em que contávamos nossas viagens e festas vocês não sabem o que pode acontecer o que faríamos em um programa de rádio.

No ano de 1997, Jorge Luis, por intermédio de seu cunhado Rogério, conseguiu um contato com a Águia Dourada, uma rádio comunitária da Região de Santo Amaro. Após uma curta reunião, já tínhamos fechado um contrato com o dono da rádio, o Sr. João José, e faríamos um programa semanal de 2 horas. O programa ia ao ar todos sábados das 09h00 às 11h00 da manhã e faríamos uma linha de entretenimento, com muitas informações, humor e uma seleção musical formada pelo melhor do rock, do pop e da MPB.

Definida a linha de programação o próximo passo seria definir os deveres de cada um dos beréis. Por uma questão coerência Fábio Barros e Jorge Luis seriam os locutores (afinal eles eram os “aparecidos” da turma), eu seria responsável pela parte técnica e pela seleção musical, além de escrever e apresentar uma seção chamada de “Dicas de Vídeo”, afinal os CDs seriam os meus e quem mais saberia falar sobre vídeo e cinema? E completando a equipe, Russo seria responsável por dar dicas culturais e de entretenimento.

É lógico que houve dificuldades, a começar pela escada que nos levava aos estúdios e que tinha um portão de grades bem no meio. Eu estava me recuperando de uma fratura no calcâneo (essa é uma história interessante que fica para os próximos números) e subir carregando uma caixa com quase 200 CDs era algo que me dava calafrios na espinha

O programa foi um sucesso e tínhamos uma audiência de mais de 3 pessoas (não dizem que um é pouco, dois é bom e três é multidão). Inclusive duas ouvintes que nos ligavam todo sábado: D. Adalgisa e sua filha Sônia. Na 1ª vez que ligaram, nossos locutores ainda inexperientes na arte de “cortar” o ouvinte, deixaram que elas falassem quase o programa inteiro, mas depois já estávamos acostumados, quando acendia a luz verde no estúdio (que indicava ligação de ouvinte) eu já separava dois CDs, é que dona Adalgisa sempre pedia as mesmas músicas: “Pais e filhos” do Legião Urbana ou “Coração de Estudante” do Milton Nascimento e já me preparava para ir tomar um café, pois os oferecimentos eram grandes. Numa destas ligações, Sônia fez nos fez uma pergunta e era para respondermos juntos “eu quero ouvir dos meninos da Rede Berel, onde estão os sorrisos de vocês.” Eu e meus dois colegas locutores respondemos (o Russo grunhiu algo que não dava para identificar): “de orelha a orelha”. “Não meninos, os sorrisos de vocês estão na Rádio Águia Dourada”, nos corrige no ar nossa querida amiga Sônia. Ainda bem que o rádio não transmite imagens.
Num outro momento, Russo querendo ligar não sei o quê na tomada, desligou a mesa de som e todos os demais equipamentos usados na transmissão e por alguns segundos deixamos a Rádio literalmente “fora do ar”. Lembro-me como se fosse hoje eu gritando ‘Não mexa nesta tomad...” e Puff!!!

Teve também o sorteio de uma cesta de café manhã, oferecida em uma promoção do dias das mães feita por nós. O sorteio foi emocionante. Eu e Fábio nos estúdios e Jorge Luis ao vivo de um orelhão em frente ao nosso colaborador, a Ki-doces (que cedeu o prêmio), e muitas pessoas ao redor pensando: “o que este louco está fazendo gritando ao telefone com um rádio gravador colado ao ouvido”.

Este sorteio teve uma repercussão super positiva. Após o sorteio enviamos uma carta assinada por nós quatros a todos os participantes do sorteio e algumas semanas depois, uma de nossas ouvintes apareceu no estúdio e mostrou a carta colada em sua agenda (coisa de menina). Eu como relações públicas formado quase estrangulei o Russo. Quando apresentei a menina como nossa ouvinte ele me sai com a seguinte frase: “Então é você?!?!?!”.

Se vocês acham que já teve trapalhadas demais, precisavam me ver durante as locuções de “Dicas de Vídeo”, era uma verdadeira fita de terror ou “terrir”, como preferirem. Eu tendo que controlar a música de fundo, abrir os microfones e ainda ler o meu texto, ao lado de uma pilha de CDs era algo que sempre ocasionava alguns acidentes.

Mas de todos os acontecimentos o dia em que o Jorge perdeu a hora e esqueceu de nos pegar foi o mais interessante. Estava eu e Russo em casa esperando o Jorge chegar, já com todos os CDs e os textos da programação preparados conversando distraidamente quando o telefone tocou. Era o Fábio Barros perguntando sobre o que tinha acontecido com o Jorge, faltava apenas 10 minutos para começar o programa e estávamos a 20 minutos da Rádio. Liguei para o Jorge e acreditem se quiser, tive que acordá-lo. Como não daria mais tempo dele nos pegar, falei para ele ir direto para a rádio e que nós daríamos um jeito de chegar lá. Fui para a garagem e quem diz a velha a Brasília branca quis pegar? O Russo teve que voltar na casa dele e pegar o carro, bem, “aquela coisa”, emprestado do tio. Enquanto isso, Jorge sem os CDs (não tinha nem a nossa vinheta) teve de improvisar um especial do The Cure (ainda bem que ele tinha uma fita cassete do Cure no porta-luvas do carro) com a ajuda do dono da rádio, o J.J., fazendo a parte técnica. Depois desta, Jorge comprou um despertador do tamanho do Big Ben de Londres. Após uma 1h40 nós três chegamos e ainda pudemos ver a cara de “Socorro! Alguém me ajude!” de Jorge Luis.